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Yoga Africana, a ciência espiritual de Kemet.

Updated: May 23, 2018







O olhar certeiro de um pássaro que pra trás olha, em meio as rotas dos ventos, sopros da vida, sentindo o doce aroma dos que vieram antes. A precisão do tempo do ponteiro é guia, assim como as memórias de dentro, várzea fértil e infinita, tão crescente e transbordante como as chuvas torrenciais que banham Ethiópia e desaguam no Nilo Azul. Nossas raízes africanas estão profundas em nossos corpos, e nossa pele é terra pronta a dar vida.


Desses infinitos ventos, um dos que dão ritmo a nossa existência é a prática gradual e constante de estar consciente em nossa divindade. Um dos nomes mais conhecidos no ocidente em tempos de hoje é a técnica da Yoga. Yoga contudo é um nome em uma das línguas indianas, a língua sagrada sânscrita, revelada pelos Deuses, para que o Ser Humano expanda cada aspecto da consciência, por meio de variadas técnicas, a ponto de tornar um com a eternidade suprema. Yoga Africana, Shetaut Neter, Smai Tawi, Kemetic Yoga??? Será??? Práticas metafísicas criadoras do reino da consciência sutil e austral em terra de homens e mulheres pretas??? Porque não???


No que conhecemos hoje como a região da Ethiópia e Tanzania nasceu o primeiro ser humano, vindo do primeiro ventre Africano. Prestamos reverências. Inúmeros estudos atestam que a partir dessa região os primeiros seres humanos povoaram todo o restante do continente Africano e partiram para sua jornada ao redor de todo o globo, levando também em seus corpos seus gestos, jeitos e formas de estar e ser. Assim, no relato de um historiador grego Diodoros Siculus (Primeiro Século D.C) é dito que os Etíopes , são os primeiros habitantes do Continente Africano. Esta definição hoje muito associada a uma região especifica do Continente Africano, em suas origens, muito à partir do relato de historiadores Gregos, abarcava um amplo império na região centro leste Africano. Ethiopia é uma transliteração do Inglês de uma definição grega que significa "Carbonizado-Queimado", uma forte alusão ao tom de pele. Esse grandioso império abarcava uma ampla região hoje conhecida nos países Sudão, Ethiópia, Eritréia, Djibouti, Somalia, Kenya, Uganda, Chad, etc. Antes da definição Grega essa região era conhecida como Kush. Assim aqui definiremos esse ancestral reinado africano como Kush/Ethiópia.

Ainda nos relatos de Siculus, o mesmo aponta que os primeiros habitantes do Antigo Egito são colonos enviados por Kush/Ethiópia, sendo Alssar o líder dessa colônia. Kemet está assim em um fino entrelace entre Kush/Ethiopia, se alongado na história em uma ancestral trança. Há outras evidencias substanciais de que há pelo menos 300 anos antes do primeiro reinado em Kemet já havia reinados na região de Kush/Ethiopia. Uma longa história.


Cheikh Anta Diop, o genial cientista Senegalês, falando sobre a origem do Antigo Egito aponta que os primeiros habitantes, antes mesmo do período dinástico, eram conhecidos como Anu, ocupantes do Sul do Egito e da Núbia. Nas primeiras iconografias do Antigo Egito esse nome Anu é uma das atribuições de Alssar. As raízes estão abaixo do solo, mas não desaparecem.


Chegamos assim na terra dos mistérios, na grande civilização clássica Africana, construtora de uma das maiores civilizações já vistas. Ciências, matemática, medicina, astrologia, direito, filosofia, arquitetura, etc. Yoga???


Vale aqui apontar mais uma vez que o termo Yoga não é nativo dos habitantes de Kemet (Antigo Egito). Yoga é um termo de origem sânscrita, uma das línguas presentes hoje na Índia. Yoga, quando traduzido para o português significa ungir ou ligar. Em uma breve descrição é o caminho de unificação da consciência espiritual individual com a consciência cósmica universal. É quando o um se torna o todo, e todo já estava no um.



Estudos demonstram que essa prática de desenvolvimento e expansão na Índia tem como uma das raízes os povos Dravidianos, um antigo povo que migrou do continente Africano para o Sul da Índia. Este povo, através de uma análise científica intuitiva desenvolveu técnicas avançadas, alinhadas a observação dos corpos celestes, hábitos morais regulados, técnicas de meditação, manipulação de sons que expandem a consciência, exercícios psico-fisicos alinhados com a respiração, dieta balanceada, entre outras ações. É tido que esses dravidinianos são os principais contribuintes para o que hoje conhecemos como Yoga, os primeiros na atual região da Índia a receber dos Deuses e repassar a humanidade. Lembrando mais uma vez que esses dravidinianos são o resultado direto da migração dos povos Africanos originários para o Sul da Índia. Essa rotina diária nos beneficia até os dias de hoje com um esplendor físico e mental, nos fazendo compreender o templo que habitamos e expandindo para que seja morada do Glorioso e Altíssimo.


Esse rascunho escrito até aqui, poeira no tempo, me trás de volta aos tempos de algum lugar, onde as barreiras geográficas explicavam pouco sobre as fronteiras espirituais. Essa ampla ciência intuitiva de integração com a soberana consciência é dádiva dos Deuses aos que como missão sempre foram ponte do reino do céu e da terra. Uma grande família espiritual, confraterniza e eterniza as mais belas arquiteturas morais, éticas e espirituais. No terreno da terra são parentes, muitas das vezes próximos, outras distantes, com sotaques diferentes, mas que se unem a um mesmo portal de nascimento.


Quando retornamos a terra dos mistérios, quando olhamos para a o percurso de mais de 3.000 anos de civilização e cerca de 31 dinastias do antigo Egito, encontramos um amplo sistema de disciplinas pelo qual se pode atingir o mais alto grau de consciência e se unir a universalidade de Deus. Todo esses saberes eram parte da formação de qualquer cidadão nas escolas de mistérios, guardadas pelas sacerdotisas e sacerdotes, os guardiões do poder da criação. Parte do cotidiano, festejos e celebrações. É possível sentir a música louvada aos Neterus, as peregrinações aos templos, o cheiro de folhas incensadas no ar, o equilíbrio e a retidão nos olhares, tempos e templos que ainda permanecem em pé. Olhar o trajeto de Kemet é observar cada aspecto da vida relacionado a esse aspecto maior, é se tornar um ser espiritual, com propósitos espirituais elevados. Em um dos trechos do importante livro do surgimento do dia, palavras recitadas no cotidiano, "Nuk Pu NETER, Ba ar pet sat ar ta - Eu sou a suprema divindade, meu espírito é dos céus, e meu corpo pertence a Terra. Assim, fica evidente que nossos ancestrais de linhagem, assim como nós, dedicavam sua vida ao altíssimo e elevado, buscando a unificação do um com o supremo.


Evidências de que essa prática é um sistema nativo africano, desenvolvido inicialmente pelos povos de Kush/Ethiópia e posteriormente migrando para Kemet, estão presentes nas literaturas e livros sagrados (Medu Neter), nas diversas histórias da criação, nas diversas camadas de compreensão das forças cósmicas (Neterus), na prática da ordem e ação correta (Filosofia de Maat), etc. Estão presentes em cada chamado interno, em cada etapa de florescimento, em cada corpo que se religa a sua linhagem, que veste sua coroa unificando os dois reinos.


Remada a remada, vento a vento, continuamos nossa navegação nas aguas primordiais, nos mantendo firmes na prática, ou como nossos ancestrais apontam “Shetaut Neter”, o trajeto em unificação com o divino em corpo templo. Gota a gota recebendo os benefícios da dádiva de Hapi, a prosperidade manifesta, que traz sua graça dos céus e sacia aos que tem fome e sede.


Hotep (PAZ)

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