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Estirar, alongar, respirar em Maat - Yoga Africano e o corpo do homen preto




Dos infinitos galhos do Yoga, em suas variadas formas e manifestações, dialogamos hoje com “Afrikan Yoga” de Pablo Imani. Pablo Imani nessa era de ciência e tecnologia em seus vídeos nos brinda com sua forma de expressar esse encontro com o corpo templo de poder e sabedoria.


Imani vai profundo nas raízes Africanas e traz em suas práticas a presença dos tambores, entidade pulsante, grandes ressoadores da criação cósmica, alinhando ritmo, respiração, estiramento e força nas sequências e posturas.


Assistindo seus vídeos um em especial me impulsionou a reflexão aqui nessa tela de pixels. Imani traz algumas reflexões acerca da importância da Yoga e do estiramento para os homens pretos Africanos. Uma possibilidade de encontro real com a plenitude de vida que habita dentro desses poderosos corpos.


Pensar em corpo é pensar em território, disputa, trânsito, transe. Os corpos pretos no mundo desenvolveram e desenvolvem finas ciências, observada no culto a vida, de potencializar aquilo que experienciam em sua pele física e sutil. O corpo do homem preto é corpo de vida, de cálculos, ritmos, cantos, semeaduras, etc. Penso que isso só é possível por conta da observação do funcionamento de seu corpo holístico, o fino entrelace entre o físico, mental e espiritual. Submeter e reverenciar esse corpo a essa divina ordem é a essência concentrada por trás de cada ação de plenitude. Esse mesmo corpo hoje é condicionado a corrupção de sua ancestralidade, em meio a comidas tóxicas, conversas acidas e valores morais e éticos desafinados. Esse corpo é submetido a um modelo de homem corrompido, desmembrado, fragmentado pelo modelo civilizatório caótico. O processo incessante em curso do desligamento da mente do homem Africano com sua raíz ancestral passa por esse território, por esse trânsito.


Como integrar o que é por essência integral, preto e orgânico? Integrar as partes assim como Alsset, a divina mãe, o impulso pelo desejo a espiritualidade e restauração realizou em Alssar, concedendo o que é seu por direito, o governo de sua própria vida, a restituição frente a desordem e caos. Os passos devem ser dados, as escolhas devem ser feitas, e nossa ancestralidade Africana é fonte.


A ciência deixada pelos nossos antigos da Yoga nas palavras de Imani é uma ótima ferramenta de preparação para o cotidiano, movimentar e estirar os músculos para que possamos ao longo da vida estar inteiros e integros”. Imani traz reflexões importantes para os homens pretos, forçados a negar sua intuição, a destituir o cuidado e carinho com seu corpo-barca-templo, esse majestoso e grandioso gesto de amor.


O movimento de estirar e alongar, alinhados a respiração e a ordem equilibrada de Maat é ir ao encontro desse lugar, é ir em direção ao balanço cósmico da vida, é ir rompendo dentro de nossa infima e grandiosa realidade esse sopro de estar pleno, garantia nessa experiência terrena. É por algum momento buscar em nós os traços da completude, e que esse momento seja e continue em seu fluxo.


Imani aponta que são cinco minutos diarios. Cinco minutos trocados por qualquer pratica em seu dia de mil quatrocentos e quarenta minutos. Voce leu bem, são mil quatrocentos e quarenta minutos que recebemos diariamente da criação. Seria uma bela análise estar atento ao que fazemos com cada minuto, por quais lugares passeamos nesse milagre diário. Papo pra outro momento. Homens pretos, o convite é destinar cinco minutos, somente cinco, inicialmente cinco, para uma alimentação equilibrada e balanceada em nosso corpo físico, mental e espiritual.


Imani reflete que homens foram ensinados que não são flexíveis, e assim tentarão não ser flexíveis. “É como uma pessoa que está suja e não quer tomar banho porque está suja, e o resultado é ficar mais sujo, mais sujo, mais sujo”.


Realizar essa façanha num mundo de toques e reatividades é se despir das roupas que não são suas e não lhe cabem para um eu despido e natural que esta se descobrindo. Cada postura, cada desenho do corpo é escrever, reescrever, reescrever mais e mais seu lugar em seu mundo, ao mesmo tempo que se percebe que somos brasa e pó, mar e gota. O encontro entre a inspiração e expiração e o vazio presente no elo entre o cheio e vazio. É conhecer a voce mesmo, ao seu verso único, e todo universo. É mapear no corpo cartográfico os nós, é dia a dia buscar fluidez na natureza divina, é a busca pela retração no íntimo e expansão no que existe como potencial.


Imani reflete que os benefícios da prática no corpo é uma produção de energia, um magnetismo, a vibração do rejuvenescimento, do nascer do sol interno. Outro beneficio é o equilíbrio do funcionamento dos nossos orgãos, nosso sistema digestivo, excretor, pulmonar. É possível também observar uma mudança na percepção do funcionamento da consciência, novos caminhos de pensamento, é adentrar no ramo divino da consciência, é se aproximar do sopro da sabedoria elevada - Djehuti/Maat. Sentar apenas alguns minutos, respirar, meditar, nos reposiciona em nosso centro, em nosso divino trono.


Pablo Menfesawe-Imani é um corpo africano no mundo. É possibilidade de um novo tempo e realidade em corpos tão antigos como o próprio tempo.


“A prática psico-corporal africana é chave do equilíbrio, a manutenção da unidade de nossos corpos, a geração eletromagnética, o balanço das forças ativas e receptivas, do aspecto masculino e feminino, de nossa luz e nossa sombra, é uma grande instrumentação cósmica, a afinação de nosso corpo assim como nossos ancestrais instrumentos africanos”.


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